08 mar, 2021

‘Posso ser o que eu quiser’, diz trabalhadora da construção civil

Matéria publicada no dia 07 de março no ‘Bem Paraná’ destaca as mulheres que desafiam as próprias realidades e trilham um caminho real de esperança. É o caso da curitibana Patrícia Farias Gomes, 42 anos, divorciada, mãe de quatro filhos, avó de seis crianças, que, com orgulho, trabalha na construção civil e como manicure. “Sim eu posso ser o que eu quiser, quantas eu quiser e quero ser muito mais. A mulher pode trabalhar com o que quiser”, disse à reportagem.

Patrícia começou a trabalhar na construção civil há 15 anos: “Eu estava desempregada e uma obra perto de casa estava contratando só mulheres. Resolvi encarar mesmo sem ter nenhuma experiência. Mas mulher aprende qualquer coisa né? Fiz de tudo naquela obra, que durou dois anos. Foi trabalho de pedreiro mesmo, mas me apaixonei pela pintura e acabei me especializando nisso ao longo dos anos”.

Depois de deixar o emprego registrado em carteira de pintora em uma construtora, há três anos, ela resolveu mudar e migrou para área de beleza. “O trabalho em construção é muito pesado. A gente carrega muito peso, principalmente em obras grandes. Vaidosa como sou, fui fazer curso de designer de sobrancelha, de alongamento de cílios, de barbearia, extensionista de unha, manicure e pedicure e estou adorando”, conta.

Inquieta e ansiosa por aprender, ela agora está prestes a realizar o sonho antigo de dirigir e ainda está fazendo um curso de podologia: “Se eu tivesse mais dinheiro, teria mais profissões. Sou ansiosa por fazer e acontecer”, conta Patrícia.

Ao mesmo tempo encantada com o trabalho na área de beleza, Patrícia não conseguiu largar a construção civil e agora se divide entre as duas tarefas tão diferentes. Agora, ela trabalha como autônoma na pintura e já tem uma clientela grande como manicure: “Fica difícil a gente montar a agenda. Num dia na obra, no outro deixando as mulheres bonitas. Mas no fim, as duas profissões trabalham com beleza, não é mesmo?”.

As pedras no caminho

A trajetória na construção civil, uma área predominantemente masculina não é fácil. Segundo Patrícia, foi uma luta diária para se impor e não ser vítima de piadas e assédio.

“Ao longo do tempo, aprendi que tinha que me impor já no começo de cada obra, não abaixando a cabeça e mostrando já na postura que eu sou forte e que ninguém podia mexer comigo. A partir deste momento, não tive problemas”, relembra ela.

“Tanto que hoje trabalho com praticamente todos meus ex-colegas da construção civil, que sabem da qualidade do meu serviço e sempre me chamam. Eu até queria parar com a construção civil, mas sempre me chamam”, conta com sorriso largo no rosto, sem saber da importância da sua história na conquista de todas as mulheres.

Fonte: CBIC