19 abr, 2021

Digitalizar e desburocratizar

Artigo publicado no jornal A Tarde, em 17/04/21

Com a necessidade de isolamento, avanços crescentes em aparatos tecnológicos e inovação se tornaram importantes aliados em tempos de pandemia.   

O atual cenário frente à crise mostra que a maior parte das empresas não depende apenas da expertise na área de atuação para alavancar o crescimento e projetar-se economicamente. Mais do que nunca, é preciso adaptação para criar soluções digitais que possam ser incorporadas aos negócios e, no mercado imobiliário, não é diferente.  

As iniciativas de disponibilizar chats online, investir em aplicativos, assinatura digital e até tour virtual pelos imóveis, além de sistemas modernos nos projetos e inteligência artificial nas obras, foram bem recebidas no segmento e mantiveram as vendas ativas.  

Mas isso é insuficiente para que o ramo imobiliário acompanhe as tendências do futuro. A novidade no segmento é que o avanço, dessa vez, não se restrinja a medidas isoladas das incorporadoras ou a ferramentas de visita online aos empreendimentos: a digitalização se estende também aos processos, permitindo acessar serviços oferecidos pelos tabelionatos de maneira remota – uma luta que enfrentamos para que os atores econômicos sejam mais ágeis, reduzindo o tempo de espera e o custo da burocracia no mercado imobiliário.  

Também nesse quesito, a pandemia transformou a ação em questão estratégica: com a possibilidade de registro online, através da plataforma e-Notariado, lançada em 2020, foram realizados, segundo o Colégio Notarial do Brasil, 2.119 atos eletronicamente na Bahia, o que contribuiu para que o estado atingisse marca recorde em escrituras registradas no 2° semestre do último ano.   

Os cartórios de registros do estado computaram, nesse período, 13.720 atos de escrituras de compra e venda (entre apartamentos, casas, edifícios, lotes e terrenos), o que representa uma alta de 71% em relação ao 1° semestre de 2020 e de 13% no comparativo com o mesmo período do ano anterior.  

O número é o maior já registrado na Bahia desde que o levantamento começou a ser realizado, em 2006 e, na prática, significa que os cartórios passaram a reconhecer transações por meio de assinatura digital e que os procedimentos vão tornar mais rápida e confiável a troca de informações entre clientes, incorporadoras e cartório; uma conquista que é também da Ademi-BA, que, há um ano, tem envidado esforços para digitalizar processos, principalmente no que se refere aos registros de imóveis.  

E tem mais: a Corregedoria Nacional de Justiça determinou, desde a semana passada, que os cartórios de registro de imóveis passarão a contribuir com o Fundo para Implementação e Custeio do Serviço de Registro Eletrônico de Imóveis (FIC/SREI), sem que esses custos sejam repassados aos usuários.   

Reduzir as barreiras da burocracia, por meio de tecnologias aplicadas que contribuam para o andamento de processos do setor imobiliário – hoje um dos principais empregadores do país – é questão de sobrevivência, em um mundo cada vez mais virtual.  

 

Cláudio Cunha     
Presidente da ADEMI-BA (Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário da Bahia).