25 set, 2021

O segundo semestre

Artigo publicado no jornal A Tarde, em 25/09/21

Este pode ser o melhor semestre do mercado imobiliário, pelo menos, até o momento - conforme, apontam analistas do mercado. Um dos principais motivos é a disponibilidade de crédito, que permitiu a milhares de famílias mais acesso a financiamento.   

Aliado a isso, os juros reduzidos impulsionaram lançamentos e atraíram compradores. A previsão da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) é de um crescimento acima de 30% para este ano.  

Há poucos dias, a Caixa Econômica Federal, por exemplo, reduziu os juros imobiliários da modalidade atrelada à poupança. Com isso, a linha vai contar com taxas a partir de 2,95% ao ano, somadas à remuneração da poupança, com uma queda de 0,4 ponto percentual.   

Além disso, o conselho curador do FGTS aprovou, por unanimidade, o aumento no teto de imóvel do programa habitacional Casa Verde e Amarela. 

Alguns pontos ainda preocupam, como a alta no preço dos materiais de construção e da inflação e a burocracia. Precisamos de mais agilidade no licenciamento e nos cartórios de registro de imóveis.  

A mais recente avaliação da Brain Inteligência Estratégica, apontou também, que a intenção de compra dos brasileiros continua em um patamar interessante, com um sinal de estabilidade em torno de 40% das famílias querendo comprar imóvel, com 10% de compra ativa e rápida velocidade de compra.   

Segundo a Brain, de janeiro a julho de 2020 foram financiadas 197,51 mil unidades. No mesmo período de 2021, esse número saltou para 499,12 mil unidades, significando um aumento de 152,7%. Destes, foram financiados R$ 115,83 bilhões pelo Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), um aumento de cerca de 114%, se comparado ao mesmo período de 2020. Pelo FGTS, foram aplicados R$ 50.212 bilhões em 12 meses, ante R$ 49,696 no igual período do ano anterior, um aumento de 1,0%.  

Indicadores Imobiliários Nacionais da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) também registraram uma alta de 115% no número de lançamentos de imóveis no 2º trimestre de 2021, em relação a igual período de 2020. Foram vendidas 65.975 unidades residenciais no período, o melhor trimestre da série histórica. Em 12 meses, foram comercializados 261 mil apartamentos, representando R$ 52 bilhões no primeiro semestre de 2021.  

Juros baixos, trabalho remoto e crianças estudando em casa despertaram o interesse por imóveis mais amplos, com plantas bem resolvidas, impulsionando compras e vendas.  

A decisão das empresas sobre o modelo de trabalho pós-pandemia também impacta o setor imobiliário, assim como a disponibilidade de crédito, as taxas de juros e o preço dos insumos de construção, o que torna fundamental a agilidade no licenciamento dos novos lançamentos para atender a demanda.  

Até agora, esse semestre tem sido animador e, assim como 2021, a expectativa é a de que o cenário de 2022 também seja favorável ao desenvolvimento do mercado imobiliário. 
 

Cláudio Cunha         
Presidente da ADEMI-BA (Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário da Bahia).