08 set, 2020

Startups incentivam a inovação e o empreendedorismo na construção civil

Esse foi o debate proposto pelo ‘Quintas da CBIC’, que indicou que por meio de inovações e digitalizações, as startups são uma boa opção para solucionar os gargalos de desenvolvimento do setor.

A indústria da construção, tradicionalmente vista como conservadora, está vivenciando grandes transformações em busca de um ambiente cada vez mais competitivo, por isso as empresas precisam permanecer ágeis para se antecipar aos desafios do futuro. Esse foi o debate proposto pelo ‘Quintas da CBIC’, que indicou que por meio de inovações e digitalizações, as startups são uma boa opção para solucionar os gargalos de desenvolvimento do setor.

Para o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins, uma nova realidade foi criada com a pandemia e esse é o momento de aproveitar as oportunidades. “Vamos investir na versão digital da CBIC, pois são novos tempos que a gente vê pela frente para a entidade. Hoje conseguimos chegar no Brasil todo por meio de nossas iniciativas. O grupo CBIC Jovem é um bom exemplo dessas ações, e com a determinação da nova geração podemos alcançar ótimos resultados”, afirmou.

A presidente da Comissão de Responsabilidade Social (CRS) da CBIC, Ana Claudia Gomes, destacou a capacidade da CBIC de enxergar e valorizar os futuros líderes, que tiveram a ideia de criar uma categoria para o Prêmio de Inovação e Sustentabilidade da entidade, com foco nas startups. “A partir das ideias do grupo, os jovens incluíram essa categoria dentro do prêmio, o que comprova que a CBIC investe na formação das futuras lideranças e no incremento do setor”, disse.

Cases de sucesso para inovação foram apresentados por representantes de empresas com experiência no mercado. Fabio Siqueira Giamundo, diretor de engenharia da construtora Laguna, falou do projeto TIME, que foi implementado pela Laguna e tem o intuito de fortalecer a gestão, diminuir riscos e analisar alternativas digitais para o setor. De acordo com Giamundo, a construção ainda apresenta processos de baixa produtividade, mão de obra desqualificada e baixa informatização, que podem ter a gestão de planejamento e controle de suas obras melhorados com o uso do BIM (“Building Information Model”, ou “Modelagem da Informação da Construção”).

“A elaboração e coordenação dos projetos com uso das ferramentas BIM já estão presentes em todos os nossos empreendimentos, porém, agora a etapa de construção digital, planejamento e controle da produção também passam a ser simuladas e controladas com o uso do BIM através de sua ferramenta 4D, garantindo mais assertividade de prazo e antecipando riscos decorrentes da produção”, frisou

O projeto prevê ainda, a partir da aplicação de engenharia de valor, a pesquisa e estudo do ciclo imobiliário completo, cenários econômicos, gestão dos riscos e indicadores de produtividade, bem como benchmark com o mercado. “A Laguna tem como diferencial competitivo a busca constante pela inovação nos empreendimentos lançados e nos processos construtivos aplicados na obra. Temos como direcionamento o investimento em pesquisa e tecnologia que agregue qualidade e valor”, ressaltou Giamundo.

Diretor de marketing da Saint-Gobain, Vinicius Milhomem, apresentou as motivações e ações realizadas pela empresa em busca da inovação na cadeia produtiva de materiais de construção, e a perspectiva deste setor em relação às startups. “Participar dos ecossistemas de startups e empreendedorismo se tornou fundamental para se conectar com as tendências e expectativas dos mercados, como forma de inovar mais rápido e injetar agilidade nos processos organizacionais.

A Saint-Gobain é referência mundial em construção sustentável e materiais industriais. Milhomem trouxe números que comprovam o tamanho do investimento da Saint-Gobain em inovação aberta e codesenvolvimento no Brasil.

“Vamos investir 80 milhões de reais em inovação nos próximos três anos no país, mas são 450 milhões de euros dedicados a pesquisa e desenvolvimento por ano no mundo, o que representa 900 projetos de P&D e mais de 450 patentes registradas por ano. No Brasil, temos mais de 120 startups contratadas como parceiras, que trazem desde soluções administrativas, até tecnologias para desenvolvimento de produtos”, informou.

Luciana Delfino, gerente de inovação da Ambar, trouxe uma visão estratégica da empresa que iniciou sua trajetória como startup, e tem a inovação e digitalização como aliada para evolução de seus processos, e, sobre os desafios e oportunidades para as startups na construção civil.

“A digitalização da construção é essencial e estamos focados em produzir componentes de tecnologia que melhorem o processo construtivo. Com a criação de módulos, painéis e modelos 3D, queremos elevar a jornada construtiva a outro patamar.” Delfino acredita também que, via startups, é possível levar inovação de ponta a ponta nas obras. “A inovação reduz e otimiza processos de produção em campo, bem como diminui o desperdício de material. Essas conquistas e inovações na construção civil são possíveis via tecnologia e temos um caminho livre, além de muitas oportunidades para criar propostas e soluções para melhorar o setor no Brasil”, afirmou.

Já Bruno Loreto, cofundador da Terracotta Ventures, traçou um panorama de desenvolvimento e amadurecimento dos ecossistemas de startups, empreendedorismo e inovação no âmbito da construção civil e mercado imobiliário, bem como as dificuldades e oportunidades encontradas. “Sistemas para gestão de obras, sensores para detecção de umidade no solo e drones para monitoração das obras são algumas das tecnologias oferecidas por startups de construção civil (construtechs) para solucionar as “dores” das empreiteiras e estimular a recuperação do setor”.

De acordo com Loreto, a construção civil atua como um termômetro do desempenho econômico. Se o segmento colhe bons resultados, é indício de que o país está em crescimento. “O setor é o segundo pior em adoção de tecnologia. Por este motivo, seus índices de produtividade ficaram estagnados nos últimos 20 anos. As startups, por outro lado, mostraram que é possível fazer diferente”, explicou.

Com mais de 700 construtechs e proptechs no Brasil, 2020 é um ano de evolução para o mercado da construção civil, que está apostando cada vez mais na digitalização de processos, segundo Loreto. “Prova disso é o crescimento das startups de tecnologias voltadas aos setores de construção e mercado imobiliário, que no último ano cresceram 23%, em relação a 2019, e 180%, em relação ao ano de 2017”, apontou.

O presidente da CBIC concorda com a necessidade de investimento em inovação e lembrou que a venda digital foi responsável por 60% das vendas em São Paulo no segundo trimestre de 2020. “Esse é um ótimo exemplo de modernização do setor, há seis meses quase não se fazia vendas online. Existe um enorme espaço para startups que podem ajudar o setor a sair na frente com alternativas digitais. Quem imaginaria que seria possível comprar imóvel sem sair de casa? Essa é a nova realidade que chegou para ficar e uma oportunidade de dar um adeus a todo atraso e sair na frente em aspecto de ética e competência, que é o DNA da CBIC, defender os interesses do setor com inteligência não corporativismo”, disse Martins.

Na oportunidade, o presidente da Comissão de Materiais, Tecnologia, Qualidade e Produtividade (Comat) da CBIC, Dionyzio Klavdiano, e Jeferson Spiering Böes, do CBIC Jovem, apresentaram as novidades do 23º Prêmio CBIC de Inovação e Sustentabilidade, com destaque para a nova categoria Startups.

Ainda representando o CBIC Jovem, Paula Lunardelli mediou um debate sobre a importância das novas tecnologias para o futuro da construção civil, e Eduardo Tassi Damião apresentou a pesquisa desenvolvida pelo grupo, que visa mensurar a digitalização em construtoras e incorporadoras.

Os assuntos tratados no ‘Quintas da CBIC’ integram os projetos ‘Inovação e Tecnologia’ e ‘Desenvolvimento de Lideranças’. O primeiro é realizado pela CBIC por meio da Comissão de Materiais, Tecnologia, Qualidade e Produtividade (COMA), com a correalização do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai Nacional). O segundo é realizado pela Comissão de Responsabilidade Social (CRS) em parceria com o Serviço Social da Indústria (Sesi Nacional).

 

Fonte: CBIC